Eu te amei porque quis,
porque não havia sol
sob os lençóis de luxúria
que cobriam nossos corpos
com o teu perfume.
Beijei tua boca
com a fome de muitas vidas
e fiz sangrarem – perdoa –
os teus lábios, tantas vezes,
porque eram dois somente
e porque eu tinha dentes.
Lacerei a lembrança e o esquecimento,
tomei-te inteiro, muitas vezes,
e porque eras meu, unicamente meu,
devorei-te como pude
- quase sem poder -
com as mãos, com os olhos intensos,
com o relevo enfeitiçado
que carrego sob a pele,
quase sem querer.
Eu te amei assim por noites sem conta,
transpirando o meu desejo mais fecundo,
rio de sal a transbordar
no doce mar do teu mundo,
onde deixavas mergulhado o teu corpo
gritando maldições inaudíveis
quando sentias consumada
nossa febre medieval e louca
e sugavas, convertido,
teu próprio sangue em minha boca.
Reza a estória que eu não te mandei embora,
que sigo te amando, no escuro, até agora.
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